FINADOS

05/11/2011 19:07

DIA DE FINADOS

 

O trabalho era de plantão em uma manhã de Dia de Finados em frente ao Cemitério do Araçá para alertar aos visitantes sobre a necessidade de não depositar flores com água junto aos túmulos para prevenir criadouros de larvas de dengue.

Lá pelas tantas, resolvi perambular pelo cemitério. Os maços de flores depositados eram muito bonitos e maioria dos túmulos encontrava-se bem cuidada. A arte cemiterial com esculturas onde predominam figuras clássicas e de  belle époque com anjos e madonas eternizam em sua matéria dura a lembrança dos que se foram.

Além das esculturas há as fotos das pessoas falecidas. Algumas muito antigas, de idosos, de jovens, crianças, remetendo-nos a imaginar a existência que podem ter tido pela época em que viveram.

Mas bem adiante deparei-me com um túmulo inusitado: de cerca de cinco metros de extensão, linhas retas e despojadas, remetia ao período da fase modernista em São Paulo, até pela foto daquele que ali estava. Homem com não mais de quarenta anos, chapéu de lado, como se usava nos  anos trinta, quarenta. Terno, gravata... O mais inusitado era que ao invés de velas e flores, estavam simetricamente depositados sobre sua superfície lisa, vários copos de cerveja e cigarros. Certamente amigos de bar que ali vieram deixar sua homenagem ou rememorar as horas de boemia vividas. E no rosto da foto um sorriso quase cínico de quem ali estava a rir-se de todos que ali estavam, vivos ou mortos.

 

11/11