HORA BENDITA

03/01/2016 23:04

HORA BENDITA

 

O dia ainda por amanhecer

e uma sinfonia

emerge na escuridão.

Difícil adivinhar

todos que cantam

no imenso sertão.

Pressente-se apenas

O quanto é belo!

Cavalos, bois, equinos

burros, ovelhas,cabras

sabiás, galinhas d’angola, carcarás

periquitos, coleirinhos, crenguenhéns...

comunicam entre si

celebram a vida

alheios aos homens

cegos, surdos

dormentes.

Alheios à dor de cada um

pobres, ainda sangram entre si.

Os cães domesticados quietam.

Se todo dia

à mesma hora

abrissem a porta

dizendo bom dia a quem passa

sem ao menos saber quem é

santificada seria a hora

como o louvor dos animais.

Mas triste, de esgueira

espia o homem seu vizinho.

E mais triste aquele

que quase ultrapassa

as barreiras do som

a noite inteira

trepidando os últimos oitis

com seus alto falantes

monótonos e triturantes

silenciam o mais doce canto

o das estrelas

hoje esquecidas

distantes

dos corações dos homens

 

Sandra Caldas

01/2016