RENASCIMENTO

07/03/2011 15:50

RENASCIMENTO

 

Apesar de todas as amarguras

em minha língua sinto

a divindade do mel.

Do ódio, avesso do amor,

margens de um só caminho,

me resta a calma

de quem andarilho

por sombras humanas

descobre que assim é

ser devoto de relações.

 

E nessa estrada

que em mim principia

sem jamais retornar,

há milhares de rastros entrelaçados

que em minha memória conservo

junto a inúmeros olhos abertos

e lembro, que em cada novo olhar,

renasço.

Há milhares de bocas

sedentas e apaixonadas,

blasfemantes ao meu juizo

de que Deus pouco dava,

ao primeiro trovejar.

 

E todos os grandes fatos que me acontecem

só adquirem seu verdadeiiro significado

quando transformados em pequenos fatos

sem adjetivos, sem palco, sem drama

dando-me em significantes emocionais

a medida exata da vida.

Apenas pequenas coisas concretas

como pedras no caminho,

sem história passada ou futura,

presente quando as encontro

nunca quando as procuro!

Vida que por mim flui

como rio sagrado a fecundar

 o deserto de minha alma.

02/87