VIVA A EDUCAÇÃO NO BRASIL!

01/05/2011 19:17

 

VIVA A EDUCAÇÃO NO BRASIL!

 

Informada da data de sua próxima consulta- 4 de julho, a senhora, de seus quarenta anos, modos simples, questionou: “mas não é feriado?”. A atendente não vacilou em noticiar que era feriado nos Estados Unidos. Uma pausa se fez, arrematada com o comentário: ”a senhora anda vendo filme de mais”. Um silêncio incômodo se fez. Para desculpar-se da própria ignorância, a senhora indagou: ”mas não é dia da Consciência Negra?”. Informada de que seria em novembro, sentiu-se mais incomodada ainda. Lembrou de certa vez em que disse em tom de brincadeira à patroa que no dia de comemoração da libertação dos escravos deveria ser feriado, ao que a patroa fez-se de indignadíssima, interrogando-a se por acaso ela era tratada como escrava.

A atendente, não falou, mas pensou, que se ela não ia para o tronco, a palmatória pela falta de assiduidade nos bancos escolares seria certa. Pensou que além daquela coleção horrível de nomes de mau gosto como Xuazinéguer e Maicou Jáquison, o povo além de tudo importa além dos halooweens os feriados nacionais da cultura global dominante. Em outro dia uma moça queixou-se raivosamente do nome que tinha- Cícera, e indagava com a colega porque não Jessica ou Kathleen...(daria uma tese sobre probabilística as formas possíveis de escrita do nome incluindo-se as variáveis sonoras de entendimento transformadas em escrita).

Mas resolveu calar-se. O que poderia ser uma piada, é o triste retrato da educação no Brasil, onde os legados à ignorância são mais por imposição de um sistema cruel do que pela falta dele. Um sistema que se agrava paulatinamente pela falta de infra-estrutura, planejamento, educadores egressos desse sistema cronicamente falho e a total falta de interesse dos governantes pela formação cidadã de seu povo, fadado à produção de riqueza e à manutenção do status quo de quem se acha no direito exclusivo de usufruir de bens sociais que deveriam ser de todos, saúde e educação.

O maior acesso à educação não tem se traduzido em acesso a boa formação e cultura. Inúmeros profissionais de ensino na área privada vêem-se ameaçados caso sejam “duros” reprovando seus alunos. Afinal, “eles pagam!”. E no futuro a população estará à mercê das ações de técnicos que exercem a profissão à custa de seu poder financeiro e da proteção de sua categoria.

O ápice desse sistema cruel foi a nomeação do palhaço Tiririca para a Comissão de Educação no Governo Dilma, eleito deputado federal mais votado no estado mais rico do Brasil a despeito dos questionamentos se seria ele ao menos alfabetizado.

Até quando os que têm direito ao melhor na educação neste país se farão de surdos e cegos, alheios às necessidades daqueles que se encontram ao seu lado?

04/2011